fevereiro 25, 2013


O Mate

            O chimarrão -ou mate- é uma bebida característica da cultura da região sul da América do Sul. É um hábito legado pelas culturas indígenas quíchuas, aimarás e guaranis. É composto por uma cuia, uma bomba, erva-mate moída e água morna.
O termo mate, como sinônimo de chimarrão, é mais utilizado nos países de língua castelhana. O termo "chimarrão" é o adotado no Brasil, embora seja um termo oriundo da palavra castelhana “cimarrón”, que designa, por sua vez, o gado domesticado que retornou ao estado de vida selvagem e também o cão sem dono, bravio, que se alimenta de animais que caça. O chimarrão chegou a ser proibido no sul do Brasil durante o século XVI, sendo considerada "erva do diabo" pelos padres jesuítas das reduções do Guairá. A partir do século XVII, os mesmos passaram a incentivar seu uso com o objetivo de afastar as pessoas do álcool.  (Fonte Wikipédia)

            Depois da breve apresentação do objeto do texto, o qual eu mesmo poderia ter feito - porém, não é disto que desejo falar, nem listar as propriedades benéficas à saúde encontradas nesta bebida tão comum e até mesmo corriqueira por aqui - quero sim, tratar das outras características do mate, e os ensinamentos contidos nas entrelinhas deste ato tão nosso.
            Elementos: A composição do mate invariavelmente é de erva-mate, cuia, bomba, e água quente... Temos então a presença nítida dos quatro elementos da natureza harmonicamente entrelaçados, sendo a água diretamente, o fogo indiretamente, seja aquecendo a água, seja moldando a bomba no caso das metálicas e no processo de beneficiamento da erva. A terra que dá suporte aos ervais e gerando os porongos, nos ofertando os metais para as bombas. O ar, fluído universal presente em tudo por aqui, inclusive na existência dos outros elementos, como fogo e tudo mais.
            Energia: Bah! Agora entraremos num ponto em que não sei se será possível abordar completamente, sob a pena de o texto ficar maçante. Vamos nos ater a preparação. É sabido que em tudo que fazemos estamos impregnando com parte da nossa energia, logo o mate não seria diferente e normalmente quem se dispõe a cevá-lo, entra em um momento ritualístico. Eles existem desde os primórdios do tempo e para as mais diversas finalidades, fartura na colheita, boa caça, união entre casais e ingresso em grupos sociais. O rito de cevar mate nos exercita a paciência, a atenção, o esmero e é claro o carinho, seja conosco mesmo, seja com o grupo de pessoas com o qual iremos dividi-lo.
            A roda de mate: Formando uma mandala humana onde se concentram e circulam energias diversas como, comunhão, aceitação e coesão, a roda do mate não faz distinções, de classe social, cor, credo ou nível intelectual. Ela nivela a todos como realmente somos, seres em caminhada evolutiva. Na roda do mate não tem teu nem meu, tudo que recebemos e conseguimos absorver é por nosso merecimento, é compartilhado em um acordo íntimo acertado no momento em que um alcança e outro recebe a cuia.
            Fica o convite de que se olhe diferente para isso tudo, que quem não experimentou ainda, o faça, pois além do que foi elencado acima o mate ainda nos ensina que o sabor amargo existe, bem como as agruras da vida adoçando assim nossos corações. A delicadeza da água que não ferve nos conforta, como um abraço. Se acompanhados proporciona a criação de uma egrégora energética que nos coloca em harmonia com o universo através de seus elementos e suas leis fraternais. O matear sozinho é momento de profunda reflexão, bem como a meditação, propõe o contato conosco mesmo, fortalecendo nossa convicção daquilo que precisamos polir, burilar, aproveitar ou descartar.
            Façamos então mais e mais rodas de mate...


"O símbolo da paz, da concórdia, do completo entendimento – o mate!"
Roberto Ave-Lallemant (1812-1884)